Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)
Arcebispo de São Paulo (SP)
O papa
Francisco deixou marcas profundas na sua passagem no Rio de Janeiro para a
Jornada Mundial da Juventude (JMJ), de 22 a 28 passado. Muito se escreveu e
ainda se escreverá sobre essa visita; cada um vê as coisas pelo seu lado.
Seguindo a sua metodologia, vou resumir minhas impressões em três
pontos: Os jovens. Foram eles o motivo de sua vinda ao Brasil, como
peregrino, para a celebração da JMJ do Rio de Janeiro. Veio para encontrar,
acarinhar e exortar como um pai os jovens do mundo inteiro; chegaram numerosos,
de quase 200 países, mas a maioria era mesmo do Brasil. No final chegaram a 3
milhões, conforme cálculos da prefeitura do Rio.
O Papa
dirigiu-se a eles com uma linguagem direta e fácil, buscando e conseguindo a
atenção deles de maneira extraordinária. E os jovens corresponderam com
entusiasmo, enchendo as ruas do Rio e a orla de Copacabana de alegria e fé.
Espetáculo bonito de se ver! Tantos jovens serenos e sedentos de Deus mostraram
que a mensagem da Igreja continua, sim, a lhes interessar e a Igreja tem algo
importante para lhes dizer.
Foram
exortados pelo papa Francisco a serem protagonistas das mudanças sociais e
construtores de um mundo melhor para todos; a não se contentarem em ser
cristãos “de sacada”, mas a descerem para o meio das realidades, para se
envolver e comprometer; a não perderem a esperança e a não deixarem que esta
lhes seja roubada. E lhes garantiu: não tenham medo, Cristo não os deixa sós. A
Igreja confia em vocês. O Papa confia em vocês!
Os pobres.
O papa Francisco foi ao encontro das situações de exclusão e sofrimento e teve
atitudes e palavras de solidariedade e carinho para com os pobres e os que
sofrem. Aliás, a palavra solidariedade, foi uma das palavras mais usadas pelo
Papa nesses dias. As atenções aos doentes e excluídos do bem comum, a visita ao
Hospital São Francisco e o encontro coma Comunidade da favela da Varginha foram
marcantes.
Homenageou
o coração acolhedor e solidário dos brasileiros e a sua disposição para
“colocar mais água no feijão”, para receber sempre mais alguém em casa...
Chamou a atenção para a necessidade de mais solidariedade para resolver os
problemas sociais no Brasil e no mundo. Alertou os jovens e a todos para não
seguirem a mentalidade consumista e a não se “empanturrar” de coisas que não
matam a fome existencial, mas a levar vida sóbria e atenta às necessidades do
próximo.
A Igreja.
O Papa pediu uma Igreja atenta aos jovens, aos quais ela precisa encontrar para
lhes comunicar a Boa Nova e a alegria da fé; Igreja que deve estar atenta aos
jovens, ouvir e dialogar com eles, ajudá-los a se sentirem parte dela. Ao mesmo
tempo, nos encontros com os bispos do Brasil e com os diversos responsáveis
pelo departamentos do Conselho Episcopal Latino-Americano, na Missa celebrada
com os bispos e padres na catedral do Rio, ele recomendou com palavras claras e
incisivas que se volte para “as periferias”, as muitas periferias em que vive o
homem de hoje.
Insistiu
o Papa na renovação missionária da Igreja, conforme orientação do Documento de
Aparecida; que é preciso renovar a pastoral, com uma renovada atitude amorosa
em relação às pessoas, mais que com métodos sofisticados e estruturas sempre
mais pesadas e sufocantes. É necessário que a Igreja esteja próxima das
pessoas. E pediu muito aos jovens que sejam missionários dos outros
jovens. E o próprio papa Francisco nos deu belos exemplos sobre como a
Igreja pode ser próxima das pessoas e missionária e como dirigir-se com
franqueza, simplicidade e solicitude amorosa a todas as pessoas.
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